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Zhao Tao na lista dos 25 melhores actores do século

December 2, 2020

Zhao Tao na lista dos 25 melhores actores do século

Zhao Tao no filme “Ash is the Purest White”

A actriz chinesa Zhao Tao, musa dos filmes de Jia Zhanke, aparece na oitava posição na lista dos 25 melhores actores do século XXI do jornal norte-americano The New York Times.

“A permanente transformação da China – a moda, a música, a economia, a arquitectura e a topografia – é o assunto que consome Jia [Zhangke], e Zhao é o seu avatar e caso experimental. Ela é uma espécie de mulher comum, o que quer dizer que incorpora muitas mulheres diferentes, às vezes em apenas um filme”, escreve o crítico cinematográfico A.O. Scott sobre a actriz chinesa Zhao Tao, que aparece em oitavo na lista dos 25 melhores actores do século XXI do jornal The New York Times. Zhao Tao (1977) é o único nome chinês da selecção de A.O Scott e de Manohla Dargis, também crítica de cinema da publicação norte-americana.
Nascida em Taiyuan, na província chinesa de Shanxi, e com formação em dança, Zhao estreou-se à frente das câmaras em Plataforma (2000), do realizador Jia Zhangke, integrando um grupo de dança e teatro estatal chinês da cidade de Fenyang, em 1980, no início da abertura política do país.
A actriz é musa e presença assídua das obras de Jia, com quem se casou em 2012 e partilha hoje trabalho de produção cinematográfica. “Esta aliança no cinema é tão holística e familiar que é difícil imaginar como seriam estes filmes sem a face e presença fundamental de Zhao. Ela é frequentemente chamada de sua musa (são casados), mas isso não chega para descrever a riqueza do seu contributo – é poesia, simbolismo, uma granularidade emocional”, escreve Manohla Dargis, que aponta três filmes em que Zhao e Jia trabalharam juntos: The World (2005), 24 City (2009) e Still Life (2008).
Já a selecção de A.O Scott vai para Ash is the Purest White, que estreou no Festival de Cannes, em 2018, e que explora a evolução da China através da vida de uma ex-reclusa. “As viagens que faz, de barco, a pé, de moto e comboio, levam-na numa longa e cansativa odisseia de regresso ao ponto de partida. O sofrimento é contínuo, mas o seu estoicismo torna tudo quase cómico, como se ela fosse simultaneamente a heroína de um antigo melodrama de Hollywood e a protagonista de uma peça de Samuel Beckett. O desempenho é um encanto à resistência, enraizado na terra, mas de alguma forma também maior do que a vida”, avalia o crítico.

Lista “subjectiva e possivelmente escandalosa nas suas omissões”

Não existe uma fórmula para escolher os melhores actores das duas últimas décadas, notam ainda A.O Scott e Manohla Dargis no texto que introduz a lista dos 25 escolhidos. “Esta lista é obrigatoriamente subjectiva e possivelmente escandalosa nas suas omissões. Alguns destes actores são novos na cena; outros já andam por aí há décadas. Ao fazer as nossas escolhas, focámo-nos neste século e olhámos além de Hollywood”, escrevem.
No universo de língua portuguesa há também uma novidade: a actriz brasileira Sônia Braga, que aparece em 24º lugar do ranking. Os críticos destacam os filmes Aquarius (2016) e Bacurau (2019), de Kleber Mendonça Filho. “É um alerta – subliminar e descarado ao mesmo tempo – que Braga era muito importante no Brasil e lá fora, nas décadas de 1970 e 1980, e a resposta do país a Sophia Loren”.

Sônia Braga aparece em 24º lugar na lista do New York Times

A lista dos dois críticos, encabeçada por Denzel Washington (1º), Isabelle Huppert (2º) e Daniel Day-Lewis (3º), contempla ainda Keanu Reeves, Nicole Kidman, Song Kang Ho, Toni Servillo, Viola Davis, Saoirse Ronan, Julianne Moore, Joaquin Phoenix, Tilda Swinton, Oscar Isaac, Michael B. Jordan, Kim Min-hee, Alfre Woodard, Willem Dafoe, Wes Studi, Rob Morgan, Catherine Deneuve, Melissa McCarthy, Mahershala Ali e Gael García Bernal.

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