Zhao Tao na lista dos 25 melhores actores do século
A actriz chinesa Zhao Tao, musa dos filmes de Jia Zhanke, aparece na oitava posição na lista dos 25 melhores actores do século XXI do jornal norte-americano The New York Times.
“A permanente transformação da China – a moda, a música, a economia, a arquitectura e a topografia – é o assunto que consome Jia [Zhangke], e Zhao é o seu avatar e caso experimental. Ela é uma espécie de mulher comum, o que quer dizer que incorpora muitas mulheres diferentes, às vezes em apenas um filme”, escreve o crítico cinematográfico A.O. Scott sobre a actriz chinesa Zhao Tao, que aparece em oitavo na lista dos 25 melhores actores do século XXI do jornal The New York Times. Zhao Tao (1977) é o único nome chinês da selecção de A.O Scott e de Manohla Dargis, também crítica de cinema da publicação norte-americana.
Nascida em Taiyuan, na província chinesa de Shanxi, e com formação em dança, Zhao estreou-se à frente das câmaras em Plataforma (2000), do realizador Jia Zhangke, integrando um grupo de dança e teatro estatal chinês da cidade de Fenyang, em 1980, no início da abertura política do país.
A actriz é musa e presença assídua das obras de Jia, com quem se casou em 2012 e partilha hoje trabalho de produção cinematográfica. “Esta aliança no cinema é tão holística e familiar que é difícil imaginar como seriam estes filmes sem a face e presença fundamental de Zhao. Ela é frequentemente chamada de sua musa (são casados), mas isso não chega para descrever a riqueza do seu contributo – é poesia, simbolismo, uma granularidade emocional”, escreve Manohla Dargis, que aponta três filmes em que Zhao e Jia trabalharam juntos: The World (2005), 24 City (2009) e Still Life (2008).
Já a selecção de A.O Scott vai para Ash is the Purest White, que estreou no Festival de Cannes, em 2018, e que explora a evolução da China através da vida de uma ex-reclusa. “As viagens que faz, de barco, a pé, de moto e comboio, levam-na numa longa e cansativa odisseia de regresso ao ponto de partida. O sofrimento é contínuo, mas o seu estoicismo torna tudo quase cómico, como se ela fosse simultaneamente a heroína de um antigo melodrama de Hollywood e a protagonista de uma peça de Samuel Beckett. O desempenho é um encanto à resistência, enraizado na terra, mas de alguma forma também maior do que a vida”, avalia o crítico.
Lista “subjectiva e possivelmente escandalosa nas suas omissões”
Não existe uma fórmula para escolher os melhores actores das duas últimas décadas, notam ainda A.O Scott e Manohla Dargis no texto que introduz a lista dos 25 escolhidos. “Esta lista é obrigatoriamente subjectiva e possivelmente escandalosa nas suas omissões. Alguns destes actores são novos na cena; outros já andam por aí há décadas. Ao fazer as nossas escolhas, focámo-nos neste século e olhámos além de Hollywood”, escrevem.
No universo de língua portuguesa há também uma novidade: a actriz brasileira Sônia Braga, que aparece em 24º lugar do ranking. Os críticos destacam os filmes Aquarius (2016) e Bacurau (2019), de Kleber Mendonça Filho. “É um alerta – subliminar e descarado ao mesmo tempo – que Braga era muito importante no Brasil e lá fora, nas décadas de 1970 e 1980, e a resposta do país a Sophia Loren”.
A lista dos dois críticos, encabeçada por Denzel Washington (1º), Isabelle Huppert (2º) e Daniel Day-Lewis (3º), contempla ainda Keanu Reeves, Nicole Kidman, Song Kang Ho, Toni Servillo, Viola Davis, Saoirse Ronan, Julianne Moore, Joaquin Phoenix, Tilda Swinton, Oscar Isaac, Michael B. Jordan, Kim Min-hee, Alfre Woodard, Willem Dafoe, Wes Studi, Rob Morgan, Catherine Deneuve, Melissa McCarthy, Mahershala Ali e Gael García Bernal.