Liu Shuwei: Antes da escuridão, o azul
Nasceu em Tangshan, no nordeste da província de Hebei, mas divide-se hoje entre Xangai, Paris e Berlim. Liu Shuwei 刘树伟 licenciou-se em Engenharia pela Universidade de Tecnologia de Guangdong, em 2009, mas atirou-se a um sonho: a fotografia. Finalista do Prémio de Retrato do LensCulture 2016, o fotógrafo chinês já expos um pouco por todo o mundo, incluindo no Museu Hermitage (São Petersburgo, Rússia) e na Feira Internacional de Arte Contemporânea Artefiera (Bolonha, Itália).
Dos trabalhos mais conhecidos do fotógrafo, destaque para “Visible Darkness” e “Into the Blue”, que reflectem a ansiedade de uma possível cegueira. “Quando descobri quatro sombras em forma de luas crescentes na zona da córnea, pensei que estava a perder a visão. A ansiedade levou-me às palavras de Derek Jarman: “O azul é a escuridão tornada visível” – o azul era a única coisa que ele conseguia ver antes de cegar”, escreveu Liu na sua página oficial.
A apresentação desta selecção de fotografias no Extramuros faz parte de uma colaboração com o Photography of China, uma plataforma que olha para a China de várias perspectivas e pela lente de diferentes fotógrafos.
Os trabalhos integram diferentes séries que Liu Shuwei apresenta na primeira pessoa e da seguinte forma:
Visible Darkness
2016, fotografia e vídeo
Esta série nasceu do medo de perder a visão. Pensei que o azul seria a última cor que iria ver, tal como quando Derek Jarman descobriu que o “azul é a escuridão tornada visível”.
Friendship and the pink triangle
2017, fotografia e colagens
É somente em certos períodos e a partir do século XIX que a vida entre homens foi, não somente tolerada, mas rigorosamente obrigatória: simplesmente durante as guerras. Igualmente nos campos de prisioneiros.
“Da amizade como modo de vida” – Michel Foucault
Quando Foucault falava sobre “amizade”, queria dizer que a amizade entre os homens precisava de ser reinventada. No entanto, depois de todos estes anos talvez a amizade seja a única palavra permitida em alguns sítios na referência às relações homossexuais. E eu receio que o que se passou na história volte acontecer. Esta série de fotografias foi tirada em Março de 2017. Em Maio, na Chechénia, homens gays sofreram de uma forma nunca antes vista. Em Julho, a China baniu conteúdo homossexual. Este trabalho é sobre o fracasso, sobre fracassar e fracassar novamente.
The Garden
2017, fotografia e colagens
É sobre a forma como nos conhecemos, como nos rebelamos, o modo como tratamos a semelhança e a diferença.
Childhood Revisited
Este é um dos meus primeiros projectos, data de 2012. Penso que os meus trabalhos são todos sobre as distâncias do mundo. Este é sobre a distância temporal.
Into the Blue
Este trabalho faz parte da trilogia “Azul”. Como escreveu Rebecca Solnit: “O azul é a cor do desejo pela distância que nunca se chega a percorrer, pelo mundo azul. O azul nos pontos mais distantes dos lugares que se vêem a quilómetros, o azul da distância. Esta luz que não nos toca, que não percorre toda a distância, a luz que se perde “.