Nathan Law torna-se o primeiro exilado depois da aprovação da lei de segurança nacional
Jovem activista de Hong Kong deixa a região depois da entrada em vigor da controversa lei de segurança nacional.
Activista pró-democracia e um dos fundadores do partido Demosisto, Nathan Law revelou ontem nas redes sociais que fugiu de Hong Kong na sequência da entrada em vigor da nova lei de segurança nacional.
O anúncio foi feito dois dias depois de Law testemunhar à distância, via internet, numa audiência do congresso norte-americano sobre a nova legislação imposta por Pequim. “Falei sobre a ilegalidade do regime na esperança de que o mundo não esqueça o que está a acontecer em Hong Kong. Claro que eu sabia que o meu discurso nesta audiência colocaria a minha própria segurança em sério perigo, dadas as circunstâncias”, escreveu o activista no Twitter, revelando que, por razões de segurança, não vai revelar para já o seu paradeiro.
Um dia após a aprovação do diploma, o partido pró-democracia Demosisto foi dissolvido, depois de também Nathan Law e outros dois membros fundadores, Joshua Wong e Agnes Chow, terem anunciado a saída desta plataforma política. O Demosisto foi fundado em 2016, na sequência da revolução dos guarda-chuvas (umbrella revolution), um movimento pró-democracia que ocupou o coração político e financeiro da cidade ao longo de 79 dias.
Na quarta-feira, dia em que a região administrativa especial celebrou 23 anos desde a transferência de soberania para a China, as autoridades de Hong Kong fizeram as primeiras detenções no âmbito da lei da segurança nacional. A população saiu à rua para as habituais manifestações de 1 de Julho, embora as autoridades tenham este ano proibido os protestos, alegando razões de saúde pública.
Nesse dia, a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou um documento que prevê sanções automáticas contra as autoridades chinesas que violem as obrigações internacionais sobre a autonomia de Hong Kong.
“O problema actual dos Estados Unidos não é aprovar novas leis, mas quanto estará disposto a prejudicar Hong Kong e a China continental às custas dos próprios interesses”, reagiu num editorial o jornal oficial em língua inglesa Global Times.