Morreu Mio Pang Fei, mestre do neo-orientalismo
O artista plástico Mio Pang Fei morreu na sexta-feira, em Macau, aos 84 anos. Nascido em Xangai, em 1936, o pintor chinês estudou na Faculdade de Belas Artes do Instituto Provincial de Fujian e foi perseguido durante a Revolução Cultural (1966-1976), tendo sido acusado de práticas contra-revolucionárias pelo interesse que desenvolveu pela estética ocidental.
Adepto de telas de grande dimensão, Mio é hoje uma referência na arte contemporânea chinesa. Sobre o movimento neo-orientalista, do qual é precursor, o artista chinês disse ao jornal Plataforma Macau, numa entrevista em 2014: “A minha linha de trabalho era considerada vanguardista e era um tipo de obra que não era permitida na altura. Todos receavam o Presidente Mao. Eu estudava movimentos artísticos como o impressionismo, abstraccionismo, cubismo, que eram correntes proibidas na época. Durante a Revolução Cultural praticamente não se podia pintar, as casas eram muito pequenas e tanto do andar de cima como do de baixo conseguia ver-se o que uma pessoa estava a fazer e o que se estava a pintar. Era complicado. Os chineses estavam mais ligados à pintura realista e eu acredito que é preciso compreender inteiramente o ocidente e o oriente. Em termos gerais, o objectivo principal do neo-orientalismo é compreender os dois lados. O neo-orientalismo resulta da forma contemporânea como o ocidente olha para a arte chinesa.”
De acordo com o website do pintor, foi em 2015 que Mio Pang Fei expôs pela última vez em Macau – no Albergue da Santa Casa da Misericórdia e no Museu de Arte (MAM) – tendo ainda representado o território na Bienal de Veneza desse ano.
Mio deixou de pintar nos últimos anos, por razões de saúde, dedicando-se mais à caligrafia chinesa. Sobre a sua vida e obra, estreou, em 2014, o documentário Mio Pang Fei, realizado pelo português Pedro Cardeira.