Chefe do Executivo de Hong Kong diz que lei da extradição está “morta”
Um mês após o início das manifestações contra a lei da extradição em Hong Kong, a Chefe do Executivo da região cedeu à pressão popular e anunciou que a proposta está “morta”. Numa conferência de imprensa, Carrie Lam admitiu que o trabalho do governo no que diz respeito ao projecto de lei foi um “completo fracasso”. “As pessoas não precisam de se preocupar com novas discussões sobre o projeto de lei na legislatura actual”, completou a líder, de acordo com o portal Hong Kong Free Press.
Permanece assim incerto o futuro da controversa proposta de lei. “‘Oficialmente morta’ não é um termo político. Por isso, ainda é pouco claro se vai ser completamente retirada, e só podemos assumir que não foi até estas palavras serem proferidas”, disse Lokman Tsui, activista e professor na Escola de Jornalismo da Universidade Chinesa de Hong Kong, citado pelo jornal britânico The Guardian.
Este projecto de lei, que provocou uma das maiores crises políticas na região, prevê a transferência de infractores para países e territórios que não fazem parte dos acordos de extradição de Hong Kong, e foi apresentado depois de um homem ter alegadamente assassinado a namorada durante umas férias em Taiwan. O suspeito, que regressou depois do homicídio a Hong Kong, não pôde ser extraditado por não existir acordo neste sentido entre os dois lados.
A iniciativa legislativa gerou fortes protestos em Hong Kong, com cerca de um milhão e 300 mil pessoas a saírem às ruas da região administrativa especial no dia 12 de Junho, segundo dados avançados pela organização. Três dias depois, Carrie Lam suspendeu o projecto de lei, mas a medida temporária não apaziguou os críticos, que continuaram a manifestar-se para pedir a demissão da líder e a retirada do projecto de lei.
Entre as várias marchas organizadas, destaque para o protesto de 1 de Julho, dia em que se assinalou o 22.º aniversário da transferência de soberania de Hong Kong para a China. Nesta data, manifestantes invadiram o Conselho Legislativo (LegCo), escreveram mensagens nas paredes do hemiciclo, pintaram de negro o símbolo oficial e ergueram bandeiras do Reino Unido e de Hong Kong nos tempos do domínio britânico.
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