Solstício de Inverno: resumindo e concluindo
Os dois posts anteriores sobre este assunto chamaram a atenção para duas coisas: que a festividade ainda é seguida com seriedade por algumas famílias chinesas mais apegadas à tradição; e que praticamente não se dá por ela na China, resumindo-se a ser, para alguns, um oportuníssimo feriado (apenas para os residentes de Macau, provavelmente os únicos no mundo a serem bafejados por semelhante sorte…).
Mas antes de mais vejamos o que diz a Wikipedia (versão em língua portuguesa) sobre o assunto: “No calendário chinês, o Solstício de Inverno chama-se dong zhi (em português: chegada do inverno) e é considerado uma data de extrema importância, visto ser aí festejada a passagem de ano.”
Grande parte dos nossos leitores-visitantes, que viveram ou vivem na China ou com ligações à China, deve já ter detectado que há alguma coisa de estranho na segunda metade deste trecho… Passagem de ano na China no dia 21 de Dezembro???
Enfim, no melhor pano cai a nódoa.
O facto de mesmo na China o impacto da festividade do Solstício de Inverno estar, até certo ponto, a ser absorvida pelo Natal acaba por ser uma coincidência curiosa.
Na verdade, antes da chegada do Cristianismo, o período em torno do Solstício de Inverno (o pico da energia yin, como muito bem sublinhou Yu Yin), incluindo o dia 25 de Dezembro, já era preenchido por diversas festividades pagãs (a Saturnália, etc). A escolha desse dia para celebrar o nascimento de Jesus Cristo terá sido, segundo alguns investigadores, uma medida política intencional visando esbater o poder das celebrações pagãs, que estavam em contradição com a doutrina da nova religião dominante.
Segundo a Enciclopédia Britânica o Natal só se tornou uma festividade cristã maior no século IX.
Mais sobre o tema:
Solstício de Inverno: A festividade invisível
A nossa visão chinesa sobre o Solstício de Inverno